sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ter mais de um patrão. Parte II


O que fazer quando se tem mais de um patrão ou trabalha numa empresa onde todos querem mandar?

Parte II
Numa outra empresa onde trabalhei passei por isso mais uma vez.
Eu só devia explicações ao meu patrão. No escritório ficavam a esposa dele e o filho mais velho. Eles pouco entendiam das coisas. Só queriam ver quanto de dinheiro havia restado. Só isso. Só queriam saber do$ lucro$.
Quando meu patrão estava ninguém me dava ordens, exceto meu patrão. Era ele sair que começava a palhaçada.
Eles queriam ver o quanto tinha vendido, o quanto sobraria, etc.
Depois de um tempo meu patrão me proibiu de dar qualquer prestação de conta aos filhos dele e à esposa.
E me pediu que somasse algumas despesas do filho mais velho dele. Pois as contas que o filho fazia passavam por mim pois eu fazia o pagamento e o controle. O dinheiro saia da empresa. É que o danadinho gastava demais. E como era ele quem cuidava antes das contas a pagar acabava omitindo certos gastos (a maiora na verdade). As despesas que eu deveria passar pro meu patrão eram dos gastos no posto de gasolina, o quanto o filho dele gastava em gasolina e o quanto gastava em besteiras na loja de conveniência do posto, na padaria, no restaurante, no cartão, etc. Feito isso vocês já devem saber né. A casa caiu. Cara feia prá cá, cara feia pra lá. E a má da história era eu. Como se a culpa fosse minha. Toda minha.
Como eu não diria, ou como eu diria que não sabia dos lucros da empresa? Como diria isso à minha patroa?
Como eu mentiria ao meu patrão a respeito dos gastos do filho dele?
O filho dele ficou participando da empresa diante da minha entrada, somente com compras de insumos. Era ele quem teria que fazer cotação, pedir desconto e decidir ... E isso de repente era obrigação minha. Sem meu patrão saber. Porque meu patrão queria que o Filho aprendesse e fizesse as coisas, mas dessa vez, começando aos poucos. Então, quando meu patrão estava lá o filho dele fingia que trabalhava (e meu patrão fingia que acreditava). Quando meu patrão saia o filho dele jogava tudo em minhas costas.
E de repente várias coisas eram da minha ossada. Desde as contas da empresa até os gastos pessoais da casa deles. Gastos com farmácia, com pet shop, com salão, com pedágio, com padaria, com gás, água. Eu cotava até lã e barbante pra esposa dele. Cotava preço de carne, cerveja, vodca e aluguel de chácaras pro filho mais novo fazer as festinhas.
Um dia tive que abrir o jogo com meu patrão pois começava a me faltar tempo para cuidar das coisas da empresa. E meu patrão confessou que não podia interferir em nada já que a esposa dele havia decidido assim e ponto. Que ele não brigaria com a esposa dele. Ok – eu disse.
E depois disso passei a não fazer controle de mais nada que a familia dele gastasse no particular. Afinal, sempre daria um stress e quem seria culpada? Eu.
E passei a considerar como primeira ordem a da minha patroa. Pois ela tinha coragem de “peitar” o meu patrão. Claro, isso nem sempre dava certo. Por quê? Oras, porque ela tinha que preservar o casamento e a harmonia conjugal. Essas foram as frases dela, claro, ditas de modo mais grosseiro.  Então algumas vezes ela me jogava na fogueira. E eu queimava. Mas esses vezes diminuíram. Passei então a esconder os gastos dela e dos filhos e caí nas graças deles. O que também não me eximia da fogueira algumas vezes.
Saí do emprego de alma lavada. E nenhuma outra funcionária que entrou depois de mim conseguiu o que eu consegui, a aprovação da minha patroa. E a vida dessas funcionárias era um inferno. Bem mais infernal que foi a minha.
Aliás, depois de um tempo trabalhando lá, e antes de saber que era minha patroa a verdadeira Chefona, eu fiquei sabendo que a decisão de me contratar foi dela. Que pelo meu patrão seria outra pessoa. E depois de mim, ele chegou até a contratar alguém que ela não aprovou. Mas Minha patroa fez a vida da moça um inferno e tormento. A moça saiu no quarto mês.  
Nesse caso, quando existe uma patroa ou esposa do patrão, minha dica é sempre ir na "onda" da patroa. Não adianta tentar ir contra. Quem manda? Elas.



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