quinta-feira, 2 de junho de 2011

Patrão x Chefe. Ordens conflitantes.


Na mesma empresa onde eu tinha vários patrões (a Mãe, o Filho 1 e o Filho 2) eu tive um problema sério com minha chefe.
Nós tinhamos uma gerente, carrasca, mas era honesta. O que tinha pra ser falado ela falava na cara. Não puxava o tapete de ninguém nem falava pelas costas. Mas ela saiu. E como após duas tentativas fracassadas de contratação para esse cargo a Grande Mãe resolveu deixar assim mesmo. E ela, grande mártir, abraçaria mais esse cargo para o bem geral na nação. Ops! Da empresa. Ela pouco influênciava no meu trabalho. Ela não entendia muita coisa do que eu fazia e por isso palpitava pouco. O difícil era explicar para ela e fazê-la entender o que eu estava fazendo e porquê fazia daquele jeito.
A minha chefe aspirava muito ao cargo de gerente. E faltava lamber a Mãe. A Mãe gostava do meu trabalho ... eu acho que gostava. Até queria que eu assumisse o Depto Pessoal (era nessa empresa que a talzinha que escrevia comunicados à mão trabalhava). A minha chefe dizia amém para tudo. Afinal, poucas eram as pessoas capazes de enfrentar a fúria da Mãe.
Mas daí, com minha chefe aspirando a gerente começou a ter mais um stress. Eu tinha que fazer malabarismos para atender todo mundo e ainda fazer o meu serviço. Além de ter que ponderar os comandos da Mãe, do Filho 1 e as vezes do Filho 2 eu ainda precisava juntar a isso tudo ao que minha chefe ditava. Que muitas vezes iam contra ao que a Mãe e os Filhos mandavam.  
Certa vez quando os representantes viriam de seus respectivos estados para uma reunião a Mãe me pediu que juntasse alguns dados em forma de gráfico no Power Point e fizesse uma apresentação dos mesmos. Era uma pesquisa que tinhamos feito sobre atendimento e satisfação dos clientes. Ela pediu isso um dia antes da reunião. A minha chefe quando me viu fazendo isso protestou. Pois haviam coisas mais urgentes para se fazer (e tinha mesmo, mas tudo era urgente e necessário). E então ela se ofereceu para fazer a apresentação e eu estaria livre para acompanhar os despachos de mostruário e material de marketing. Eu fiquei desencanada ... acreditando que ela faria.
No outro dia. Reunião iniciada. Eu estava certa que minha chefe havia feito. Após umas duas horas de reunião a Mãe me solicita (bem , ela me ordena) que apresente os dados. Eu lanço um olhar para minha chefe que desvia o olhar. E a Mãe sacando logo grita: “Você não fez? Pedi isso ONTEM de manhã e você não fez? Os representantes veem a cada 6 meses e você não fez?? Brincadeira! Estou cercada de inúteis”. Ela disse outras coisas. Então ordenou que eu deixasse a reunião e fizesse a apresentação naquele momento. Eu não disse a ela o que tinha ocorrido, que minha chefe havia me tirado desse trabalho e que se comprometeu a fazê-lo no meu lugar.
Eu não disse. Sabe por quê? Porque eu sabia a resposta. Ela diria assim: “É! Mas eu pedi pra você. E se eu pedi para você é porque eu queria que você fizesse. Se eu quisesse que a Fulana fizesse eu teria pedido para ela. E era você a responsável por isso” E ainda daria um sermão mais longo e irritante.
Juro que saí da reunião e fui fazer a apresentação. Ela ficou pronta lá pelas 16h da tarde. E então gravei, a pedido da Mãe, em CDs e entreguei aos representantes.
Antes do fim do expediente minha chefe veio falar comigo tal qual cachorro arrependido. Todavia, ela não pediu desculpas não. Disse que não fez porque havia ficado tarde e ela não poderia ficar após as 18h na empresa. E que ela jurava que a Mãe esqueceria desse pedido (na verdade muitas e muitas vezes a Mãe pedia coisas e esquecia, não cobrava nunca mais).
Então eu retruquei, se não pudesse que me avisasse. Pois se preciso fosse eu ficaria até mais tarde ou chegaria mais cedo. Depois disso nossa relação nunca mais foi a mesma. E ela vivia me colocando em saias justas. E eu vivia entre a Cruz, a Espada e o Caldeirão. Muitas vezes não sabia se obedecia a Mãe, os Filhos ou a minha chefe.

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